Aniversário

por Salomão Rovedo

Recebi aviso do BB que já tem ‘resposta’ às justas reclamações que expus aqui mesmo. Quando leio a expressão ‘resposta’ traduzo logo em ‘justificativa’ para algo injustificável – na linguagem popular, um ‘fôdace’. Mas não vou tratar disso agora porque hoje, 22 de março, é dia de aniversariar, coisa que atualmente faço logado no melhor estilo ‘velho ranzinza’: despenduro as redes sociais, não atendo telefone, não leio e-mail, só aceito abraços e beijos de parentes e afins. Se calhar, de repente calço chinelos e saio a bundear anônimo pelas ruas do Cachambi até cansar da vida. De entremeio, me aventuro no supermercado, dou uma olhada breve na carestia empilhada nas prateleiras, gôndolas e frízeres (prazer que os residentes na Zona Sul, nos Jardins, nas margens do Lago Paranoá e outros paraísos fiscais, não sentem). Depois dessa maratona, se os fundos permitirem, derrubo uma ou no máximo duas cervejas ‘Colorado’ Ipa, espantado com a cor âmbar faiscante que os cervejeiros de Ribeirão Preto conseguiram reproduzir das similares importadas, me deliciando com o breve amargor que só atinge a garganta ao fim do gole. Assim renovo as forças para voltar à casa, talvez jogar xadrez online, talvez irritar o gato que dorme em paz, até que ele me azunhe as mãos e deixe os braços cheios de arranhões sangrentos. Tudo isso procuro fazer sozinho (sozinho não, com Deus), apenas com o incômodo de um ou outro passante, um alô, um como vai ou somnete um aceno do outro lado da rua. Então, estamos combinados: amanhã a gente se fala… (22/03/2023)